Protocolo
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DAS MAMAS – PROTOCOLO OPERACIONAL.
Objetivo
Avaliar o tecido mamário com alta sensibilidade para detecção de lesões suspeitas, caracterização morfológica e funcional de nódulos, monitoramento de resposta terapêutica e controle pós-cirúrgico.
É o método mais sensível na detecção precoce do câncer de mama, especialmente em mulheres com mamas densas, histórico familiar de câncer, ou implantes mamários.
IMPORTÂNCIA CLÍNICA
Em mulheres sem prótese mamária:
A ressonância permite:
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Detectar lesões não vistas na mamografia ou ultrassonografia.
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Avaliar vascularização tumoral (angiogênese).
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Diferenciar tecido benigno e maligno com base em padrões de captação de contraste.
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Planejar cirurgia conservadora e acompanhar resposta à quimioterapia.
A sequência dinâmica com contraste (DCE – Dynamic Contrast Enhanced) é o padrão-ouro para detecção de carcinoma invasivo, pois analisa a cinética de realce e morfologia da lesão.
Em mulheres com prótese mamária:
A RM é fundamental para:
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Avaliar integridade dos implantes (silicone/soro fisiológico).
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Identificar rupturas intracapsulares e extracapsulares.
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Detectar contratura capsular e complicações associadas.
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Realizar pesquisa de lesões no tecido mamário adjacente mesmo na presença de prótese.
Neste caso, o protocolo deve ser adaptado com sequências específicas para avaliação da integridade da prótese, sem o uso de contraste (para avaliação de ruptura), e com contraste (para estudo do parênquima mamário, se indicado).
PROPOSTA DE PROTOCOLO
Coil: Bobina bilateral dedicada de mama (8 canais)
Posicionamento:
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Decúbito ventral (prono)
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Mamas centralizadas nos recessos da bobina, sem compressão.
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Braços acima da cabeça.
PROTOCOLO PARA PACIENTE SEM PRÓTESE
| Sequência | Plano | Parâmetros aproximados | Observações |
|---|---|---|---|
| Localizadores 3 planos | Axial / Sagital / Coronal | Rápido | Planejamento inicial |
| T2 TSE Axial | Axial | TR/TE 4000–6000/90–120 | Avaliação de cistos e edema |
| STIR Coronal | Coronal | TR/TE/TI 5000/60/150 | Excelente para lesões edemaciadas |
| T1 TSE Axial sem contraste | Axial | TR/TE 600/10 | Avaliação morfológica pré-contraste |
| DWI (Diffusion Weighted Imaging) | Axial | b: 0, 800 | Avalia restrição à difusão (ADC) |
| DCE – T1 FFE 3D dinâmico | Axial | 6–8 fases (pré + pós contraste) | Injeção de Gadolínio (0,1 mmol/kg, 2 ml/s) |
| Subtração / MIP | Axial / Coronal | Pós-processamento | Avaliação de realce e cinética |
| T1 TSE Sagital pós contraste | Sagital | TR/TE 600/10 | Avaliação complementar |
PROTOCOLO PARA PACIENTE COM PRÓTESE MAMÁRIA
| Sequência | Plano | Parâmetros aproximados | Observações |
|---|---|---|---|
| Localizadores | 3 planos | — | Planejamento inicial |
| T2 TSE Axial | Axial | TR/TE 4000–6000/90–120 | Visualização de líquido extracapsular |
| T2 FFE (Silicone only) | Axial | Filtro de supressão seletiva | Identificação de silicone extracapsular |
| T2 FFE (Water only) | Axial | Filtro inverso | Diferenciar fluido de silicone |
| STIR Coronal | Coronal | TR/TE/TI 5000/60/150 | Evidencia líquido periprotético |
| T1 TSE Axial | Axial | TR/TE 600/10 | Morfologia geral |
| Se indicado: DCE – T1 FFE 3D dinâmico | Axial | Pós-contraste | Avaliação do parênquima (se rastreio de lesão for necessário) |
OBSERVAÇÕES TÉCNICAS E BOAS PRÁTICAS
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Campo de visão (FOV): 340–380 mm
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Espessura de corte: 2–3 mm
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Gap: 0 mm
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Matrix: 512 × 512
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NEX: 1–2
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Tempo total de exame: 25–35 min (sem contraste) / até 45 min (com contraste)
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Fluxo do contraste: 2 mL/s seguido de 20 mL de soro fisiológico.
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Agendamento ideal: entre o 7º e 14º dia do ciclo menstrual, para evitar falso-positivo devido à variação hormonal.
CONCLUSÃO
A ressonância magnética das mamas é uma ferramenta de altíssimo valor na saúde da mulher, pois:
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Complementa a mamografia e a ultrassonografia com sensibilidade superior (>90%).
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Permite diagnóstico precoce e preciso, reduzindo a mortalidade.
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Em pacientes com prótese, é o único método não invasivo capaz de identificar ruptura e infiltração de silicone com precisão.
O domínio técnico do tecnólogo na padronização de protocolos, controle de qualidade das imagens e comunicação com o radiologista é fundamental para garantir resultados diagnósticos confiáveis e reprodutíveis.

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